Espingardas atirando algodão
É natal, já já carnaval e fantasia
tantas rolhas bebemos
e marquei a testa depois daquele campeonato perdido.
Bebemos whiskie
te ensinei a jogar
e no buraco
esperamos
esperamos
e esperamos
jogando e bebendo
uma criança de 3 anos
aprendendo a pronunciar
trrrrrês
trrrrrinta
trrrrrrinta e trrrrrês
o médico pediria
“fala 33”
trrrinta e trrrês
E diríamos, já infartando
uma negra linda e gostosa
canta e
nos faz pastéis
de carne
idílio hipócrita
ipanema
vento e lua
cheiro de sal de mar
um negro lindo
gentilmente
a nos elogiar
limites de um mundo exposto
sua crueza
sua dureza
você torceu esgarçou até o fim
não sobrou uma gota
no tubo de ensaio
do seu laboratório
na sua tese de mestrado
sobre história do Brasil
“Chicotes nela!Maltrata!”
e me tornei culpada
por toda esta sociedade escravocrata.
Nasceu branca
vestiram-na com maria chiquinhas lacinhos e tênis nike…
Abusaram das fotos
da vontade de ser primeiro mundo.
comiam quindim e sorriam
comiam quindim e sorriam
os olhos da sogra vidrados
“veja bem garotinha,a vida não há de ser fácil assim,
chegou a hora de você sofrer, vou murchar todas flores deste jardim,
Daqui a 3 dias todas borboletas estarão mortas.
É o tempo real,
sem drama barroco.
Seu sangue vai escorrer e nossos lençóis
fios frios sem filhos
vão estar misteriosamente passados a ferro
como aquele passarinho seco
que do ninho nascido morto sumiu.
ó, pequena vítima da burguesia
especulada na promessa de uma vida melhor
que em vez de apresentar preguiça
trabalhava, corria e insistia
em explicar que couscous marroquino
não é igual farofa
Engraçado, minha mãe também parou no macarrão com linguiça.
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