Poemas de Nina Dadi ou Dani Dani ou Dani Fortes ou DCF ou Daniela Corrêa Fortes
Monday, May 18, 2015
ensinar que o melhor é não saber
Vou tentar escrever livremente, deixar fluir livremente o pensamento em que me encontro neste exato momento de fluidez constante, nets trabalho constante, onde tudo é trabalho , até mesmo respirar, viver.um trovão l´å fora que pode ser só uma cadeira arrastada, o teto daqui não parece que vai cair, mas, na brasilidade da peça o teto de Alice caía aos trôpegos, somos assim, aos trôpegos, aos tropeços, eu me separei de alguém pela 54a vez na minha vida, da primeira vez fui jogar capoeira como se aquilo não me afetasse e 21 anos depois ainda me dói. Mentira. Mentira o não afeto. Mentira viver sem afeto. Mentira viver para trabalhar. a gente quer afeto. Afeto de verdade. e a gente tem raiva, muita raiva de verdade, de quem não nos dá afeto quando a gente precisa de afeto, e neste caso somos todos crianças e porque cargas d'´ågua vem adultos metidos fingirem que afeto pouco importa, meu Deus do Céu, do cu do mundo, desça em mim a luz de Lúcifer que me trará a racionalidade necessária para ser um ser inteligente,capaz de trabalhar no mínimo 8 horas por dia sem pensar em querer um abraço. Eu quero aprender a viver só e não ter medo de arma. Vou ser polícia. Vou ser médica. Vou ser mergulhadora. Vou ser professora. vou estudar para ser professora. Vou ser professora. para fazer algum bem a humanidade. eu preferia compor músicas, escrever roteiros que chegassem a milhões e milhões de seres humanos. Falar como se fosse profeta, receber o dom da palavra e seguir por aí espalhando a boa nova, mas sem caretice, sem blefe, sem nem mesmo saber quem eu sou , me desprender do me corpo, desta prisão que segura o meu espírito e encarna todas as memórias que pouco importam para o mundo a não ser as compartilhadas, a não ser as compartilhadas? eu mergulho com você num lago azul profundo, vamos de mãos dadas até não termos mais fôlego, meus peitos crescem naturalmente, se enchem de leite e eu me doo, minha filha já não precisa mais de mim e nem eu de você. eu me vou embora daqui,porque não tem sentido mesmo este viver. Eu queria ser otimista e brincalhona,mas não sou. sou assim.e agora tenho paciência em ser assim.vou me cavando e encontro pérolas que não pesquei.vou me cavando e encontro amores que não aceitei. vou me cavando e encontro tesouros perdidos de músicas que cantei com vento na cara. vou me cavando e encontro simplicidade plena e tenho vontade de ali ficar de me desdobrar nesta cava daqui para sempre até a cova. quero ser um ser simples, que canta com o vento na cara. que não sente frio. que tem coragem de dizer não te quero,porque não tem pressa,porque não sabe o que está por vir. Odeio esta falsa sabedoria dos 40, estes "já vivi, já sei como é" odeio isto. Gosto de me surpreender com as coisas. gosto de não saber. não nasci para saber. não posso ser professora, vou ensinar que não sei, que o melhor é não saber. que o melhor é não saber jamais. que o melhor é se deixar surpreender, saber a vez de entrar, não perder tampouco seu momento de protagonizar. então agora eu canto.
---Levanta a cabeça. Se olha. E se eu morrer amanhã?De susto,de bala ou
vício. De bala,de bala, de bala...um medo tão grande da loucura
humana,uma falta de discernimento total entre o que é dedução e o que
é imaginação.Porque me imagino morrendo todos os dias.Tenho medo todos
os dias.Hoje,isto é hoje.No passado eu não tinha medo de nada,só de
dor de amor mesmo.E foi pela dor de amor que eu passei a ter medo de
tudo.não.Foi trauma.É pânico.Martelam lá fora,martelam de
madrugada.eles têm autorização da prefeitura. A cidade está em obras.
A cidade está na moda.Eu não.Só com a minha filha.Ela me vê e me
beija.Ela aprendeu a beijar.Ela diz “eu tô com medo”,porque ela
aprendeu numa historinha que a aranha era solitária,porque todos
tinham medo dela,mas no final da história a aranha convida todos para
uma festa na teia dela e ninguém mais fica com medo dela.Eu
busco,"escaravalho",rascunho meus medos,desafio meus medos e quase
morro de susto todos os dias...Vício?Só o álcool,mas já passou.Bala,se
vier na minha direção,espero não ficar apática vendo a morte chegar.Se
chegar,que eu vá com óbolos para pagar ao caronte,para fazer a
travessia...que a minha alma viva mais um pouco...
Voltando.Começar voltando.Eu,o meu quarto branco.Uma cama,uma
escrivaninha.Nem computador eu tinha. Pouca gente tinha.Eu, a minha
cama, a escrivaninha,a cadeira,o armário. Eu e as coisas que eu tinha
para fazer. E a minha família e os meus amigos. Leveza. Eu, a terra
batida sob meus pés, a parte de baixo do biquíni,só. Uma bicicleta.
Vento. Sal na pele. Calor. Liberdade.Amor e liberdade.Só.Não voltar de
hoje até o dia do meu nascimento,ou do meu concebimento,mas ir até lá
e de lá chegar até aqui,para reconhecer,para me conhecer,para resgatar
algo que foi perdido pelo caminho.Nasci.
Eu,a minha mão no tapete da sala,pegando no sofá para ficar em
pé,abandonada na praia embaixo de uma toalha.Pele branca,cabelos
brancos. Eu nasci de cabelos brancos,quase albina,crescendo num sol de
sal,num sol esturricante,branca de sal na pele,caminhava por salinas
de água quente e fedor,meu pé afundava.nadava numa lagoa escura e o
fundo dava medo...tinha medo de tubarão,mas na lagoa só tinha mesmo
tainha.Tainha é considerado um peixe barato,um peixe fácil,a barata do
mar...eu comia barata,eu cresci comendo barata...a barata do
mar...quando a gente ia passear,passava por dentro de uma favela,via
senhoras lavando roupa,nenéns pelados brincando no esgoto,para chegar
à propriedade do Roberto Marinho,onde tinha uma praia bonita.Lá a
gente podia esquiar pelado e brincar de lagoa azul...eu me imaginava a
Brooke Shields beijando aquele menino embaixo d’água...lá tinham
conchas ainda grudadas no seu respectivo par,conchas rosas
bebê,grandes conchas rosa bebê,ainda grudadas no seu respectivo
par.Tudo parecia germinar dali,o magma terrestre parecia vir dali,toda
a concepção do mundo parecia vir dali,o mundo parecia ser só
aquilo...o sal,o vento,a água no corpo,a areia,as conchas,uma mata
abundante e uns cabritos soltos...uns bodes...o peito ainda sem a
parte de cima do biquíni,o pé grosso de quem anda muito descalço...e
as gaivotas que vinham dormir a noite sob às árvores da ilha e
transformavam o verde da copa num imenso tapete
branco,suspenso,suspenso...não imaginava ladrão,não imaginava nem a
morte,mesmo convivendo com cadáveres de peixes à beira d’água...aquilo
parecia tão natural,que não era questionado...ocupar-se de ações,como
passar os dedos sobre alguma superfície lisa ou saltitar com as mãos
num muro áspero,pedalar para atingir pequenos objetivos,subir e descer
o morro.subir a ladeira carregando a bicicleta,para descer no
embalo,ter medo de cair e cair,ter medo de cair e não cair,viciar.
Parece que eu pulei umas partes...
Pensei em beijo. Na paixão pelo primo. No sangue do primo, na ajuda,
em ficar sozinha com ele, no topo do morro, pegar o tecido que
envolvia a espuma do guidon da bicicleta para estancar o sangue dele.
A vontade de beijá-lo, a bulinação na bicicleta...E depois quando a
gente se reencontrou embaixo do piano e transou.
E hoje?Importa o hoje?Hoje tudo é difícil.Acordar,planejar-se,vestir a
roupa,o sapato,arrumar a casa,a cabeça,comer bem,manter o
otimismo,precisar,pular da cama diariamente,trabalhar,trabalhar...
Subscribe to:
Posts (Atom)