tudo começou com uma cantada
e foi virando uma grande diversão
uma aventura
uma possibilidade
a foto escondia os defeitos
ele parecia até bonito
não sei exatamente se segui meus instintos
ou se a vontade era mostrar para o ex que agora eu tinha um melhor que ele
( ou se eu estava apenas a fim de me maltratar um pouco )
músico
cineasta
alto
moreno
sensível
louco por mim
em algum momento minha pressão baixou
eu fiquei pálida
e quase desmaiei
o corpo fala
nem sempre a gente ouve
e lá fui eu animada
tirando fotos de como eu estava aqui e ali
escolhendo roupas,faltando compromissos,pirada na idéia
fui pra barra
com medo de morrer
dei meu paradeiro para algumas amigas
e me abri
e fui recebida como rainha
sobre um pedestal de alturas inimagináveis
eu estava lá no alto
bem alto
e as fantasias foram rolando soltas
as palavras saíam da boca dele de forma estranha para mim,
mas eu tava topando o jogo
perigoso
dele
tentei brincar com as palavras também
e aí
fui julgada
e expulsa
do tribunal
do apartamento
descendo do pedestal sem ajuda da mão dele
que não mais saía do celular
a feiúra da pessoa apareceu
o preconceito se revelou
a intolerância reinou
no dia seguinte
tentativas de poesia ruim em rede social
e muita grosseria
e acusações indiretas
mensagens levianas
e certa falta de drama diante da situação
a punição
aquilo me fez um mal terrível
talvez eu tenha conseguido o que estava buscando
me maltratar
uma arrogância enorme
uma auto-vitimização maior ainda
um olhar de quem só se vê
e a bloqueada por não suportar nada que seja diferente do seu mundo
Não estamos bem, humanidade, pensei.
E passei mal.
Foi horrível mais uma vez.