Tuesday, August 08, 2017

Vento Dentro sem Fogueira

A chaleira canta
o vento da minha infância.

Será que o Beto já dormiu
ou toca um Beatles no seu violão?

Já olhei a lua
sem rede pra balançar
do carro na rua
Aqui vou trabalhar
Apagar o chá
Me olhar nua
parar de sonhar.

A vida real conta
que o vento do entardecer
entrou na chaleira
e só toca mesmo
pra me lembrar
que o Pablo morreu de câncer
e que o gás pode acabar,
se eu não pagar a conta.

Tonta.

Sou a moça que não soube ser amada.
Precisou morrer de amores
para perceber outras dores.
Passou a se brotar flores
para suportar os horrores.

(...às crianças do vasto mundo,
que elas saibam ser amadas)

Foi tanto te amo te amo te amo
que quando o amor apareceu de fato
teve que sambar escondida na moita
camuflada no mato.

Foda-se o que não está em mim.
Fodam-se as conquistas do império.
O que sou eu afinal?
Carne de negociação?
Pra que me colocaram aqui afinal?

hahaha
a criatura pensa
e
antes tarde que nunca
aprende
e se permite
ser amada
sabe por quem?
por quem está mais no interior do interior
dentro fundo
com sotaque e afeto

e coração bom.
cadeira de praia
tempo em vão.

por aqui acabou o teatrão
queremos gaivotas
goiabadas
tangerinas
roleta gamão tapão.

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