numa madrugada
de sinos que anunciam mortos
no pesadelo da criança
ela vem pra cama da mãe
numa estrada onde
nos sonhos a mãe dá carona a outros mortos
e então não dorme mais
uma decisão é tomada
o sol anuncia chegada
no peito uma facada
dor
pra onde ir a não ser longe daqui?
Poemas de Nina Dadi ou Dani Dani ou Dani Fortes ou DCF ou Daniela Corrêa Fortes
Monday, July 22, 2019
Thursday, July 04, 2019
Tuesday, July 02, 2019
Eu, estrangeira de mim
Quem somos nós, brasileiros?
Ou melhor: Quem sou eu?
Somos estupefatos e reprimidos.
Índios ( dizimados e pouco conhecidos por nós mesmos ) nativos de um país com uma flora e uma fauna exuberantes; africanos ( marcados por uma sociedade escravocrata ) - dotados musicalmente de uma forma milagrosa de encarar a vida, compreendendo o sagrado também em bater os pés acordando os espíritos ancestrais; europeus - nos hábitos, nas técnicas, nas origens de um país colonizado; americanos - nas projeções; sincréticos, miscigenados nos mitos e ritos... Nos conhecemos?
E eu? Sou aquela que cresceu 4 meses por ano semi-nua, sem sapatos, brincando de taco na terra batida, coberta do sal da lagoa escaldante, capaz de pescar uma tainha com as mãos, sambando no pé, muito mais que a loira de maria chiquinha, tênis nike e blusa do mickey, comendo coxinha de galinha na tijuca.
Certa vez fui a uma mãe de santo : "você vê” - ela me falou. Recorto o mundo em cenas e sugiro narrativas na poesia do ordinário. Quem vive conta. Quem vê pinta. A realidade se transforma no meu trabalho. Confio no que vejo, mesmo que seja ilusão ou drama. O que destacar? O que não é comum neste excesso? Qual mistério a ser desvendado?
O que importa realmente aqui é ser feliz na urgência. A alegria surge do desespero em transformar o descaso social em algo vital.
É um dia a dia pesado, violento e também belo e frágil, nesta natureza abundante.
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