Tuesday, September 04, 2018

quando cai a ficha da discreta manipulação afetiva

E então a liberdade de pensar o que quer que venha à mente
(como se deve ser ao nascer)
e expressar sem medo.

Um homem bonito
e o sonho da menina formada em moldes encantados,
de alienação de auto-estima,
que se alimenta apenas se dá a mão ( o braço, o pé...)
a um homem
bonito

Um mulher cuja beleza serviria apenas para seduzir e passar a servir
um homem
bonito
assim se educou um inconsciente
feminino.
assim se reprimiu uma potência
bonita.

A mulher pensa, fala,
trabalha e ganha por isto,
A mulher é e ele indaga:
Você sabe fazer bolo? Cadê meu almoço? Por que a louça está suja? Com quem, onde você estava?
Ele afirma: minha mãe é perfeita, como quem diz, se você for como ela e eu quiser casar, você aceita?

E então, a liberdade de ser, sem precisar se agredir
Ver beleza no próprio pensar, escrever, falar, sentir.
Dar a mão à criança,
abraçar a menina,
e fazê-la acreditar que a beleza é intrinsecamente dela,
A beleza daquela mulher nasceu e cresceu com ela.

Os outros olham
e ela quer mostrar.
Os outros olham
e ele quer aparecer.
Forjam tanta felicidade,
que acabam por acreditar
naquele viver.

E então, ela indaga:
O que é ser bonito?
O que é ser ?
Onde se escolhe ver beleza? E o que é amar ?

E então, ela capta a imagem:
Um homem bonito que só sabe ser só menino só.
Um homem bonito que só encara só menina só.
Um homem feio que só namora menina bonita, frágil, que sonha.
E, se a fragilidade dela aparece,
ou a mulher se desvela,
pronto, comprovada a teoria:
ela não é a boneca de chumbo ou sua mãe e não será ele o escolhido de suposta compaixão.
Ele é desleal consigo, não sabe amar quem o ama, desconfia dela, se entrega à vaidade como meta.
Foge.
A testa.
Volta.
A culpa.
Vai.
Ele diz:
ela é maluca.

Ela intui:
Amor que deixa morrer.
Amor que se deixa morrer.
Amor que não considera, que é vivido porque leva a algum lugar.
Amor com finalidade.
Amor que posa e suga, que dorme sem abraço, beija e transa na ilusão...
Amor que desconhece o amor
não é amor.

Amor que menospreza o amor,
que joga fora,
despeja quando não mais deseja,
tratando ser vivo como inanimado...
não é amor.

E então, ela lembra, finalmente, o que é a liberdade de amar

a liberdade de ser, sentir, pensar,

sem que amar e existir ( por si só )

seja um crime,
um penar.