Thursday, March 29, 2018

Amor al

o tempo da alteridade
Tempo mais lento
Como se a impulsividade ou ansiedade 
regidas pela necessidade capitalista de sair vencedor 
em combates relacionais austeros 
tenham ofuscado uma visão mais ampla

Se eu tivesse tido a paciência 
Se eu me conhecesse melhor
Se eu pudesse me ver com os olhos que me vejo hoje naquele momento de outrora

Mas assim é a vida
Ali então não compreendi o quanto deveria ter sido fiel à minha dor. 
O quanto deveria ter me entregue ao pacato tédio ou ao não saber. 
O quanto deveria ter me recolhido em depressão. 
Mas lutei contra. 
Me mediquei, reagi fugindo.

Você me testava.
Não passei no teste.
Você me reprovou.

Se eu soubesse que era um teste teria agido diferente? 

Esta é a descoberta e agora a união de todas performances que fiz na vida.
Não mais trairei minha dor.
Senti-la-ei.
Foram tantas as vezes que o amor se apresentou.

Sim
Um tempo mais lento
De um comodismo talvez
De uma demora a perceber que existem outras opções, para desaterrar e seguir adiante.

De que me serve esta idéia fixa em você ? 
A desculpa que eu precisava para justificar minha melancolia, minha necessidade de solidão ? 

Por que com você logo com você fui feliz? 
Por que me subjugar é ser feliz? 
Fui feliz?  
Qual caráter revolucionário tem aí para me mover com tanta paixão ? 

Falhei.Falhei em ver amor em continuidade 
Em criar raiz nos pés de um pássaro.
Por me saber infinitamente elástica não tenho medo de fixar-me.

Se um dia em seus vôos passares por aqui de novo 
- talvez eu esteja testando-me para este concurso sem vagas - 
eu, aquela falida candidata, 
estou aqui ainda em treinamento. 

Não queria ter novamente a sensação de viver numa prisão moral.
Se minhas lágrimas pontuais e frequentes há exatos 800 dias tivessem moral, não estaria aqui escrevendo.

Este amor que me atordoa é imoral.
Amoral
Amor all
Mora lá aqui.
Dentro de mim.
Estrangeira sou 
dentro de mim.
Por não ter compreensão.

Meu primeiro namorado morreu antes de...

Tá ai o registro 
encontrado
impresso
entre tantos

Tá aí a revelação 
da primeira alegria
entre prantos

Tá aí o chiste
não comentado
Tá aí o lance de dados
A promessa de que não mais tropeço 
nesta via 
que tramo

Tá aí o sim.
Pra você e pro mundo que abro.
Àqueles que se renderam 
sem nunca terem acordado
prezo
É humano.

Tá aí aquele
retirado
sem regresso
mesmo com o passar dos anos

Tá aí a vida 
fazendo seu bordado  
então peço 
através de outros planos
que escute agora
todas vezes que rezo
Eu te Amo.

Paz, Pablo ( 1975 - 2017 )
Saúde e Amor pra quem você deixa.
Te agradeço imensamente por me ensinar.