Thursday, August 27, 2015

e o vento uiva

No decorrer do dia
os encontros
com pessoas lindas
sensíveis
que mesmo sofrendo
são gentis e risonhas
o dia passa gostoso

o choro vem e vai
os livros sobem e descem
os remédios entram e saem do pacote, da bolsa,
o leite ferve e volta

Estou aqui
não sei onde te guardar
vou agindo

vou vivendo
com esta estranheza que é estar só
com o vento que uiva
e as portas que batem.

queria um cigarro pra fumar
quase inventando um da horta
mas a preguiça mesmo é a de cozinhar
perder tempo com isto.

Lá vou eu pro dever diário.
de ser feliz trabalhando.

Wednesday, August 26, 2015

Você é uma doença que deu em mim
E descobri que não é fatal, longe de ser.
Portanto eu vou me curar e nunca mais
nunca nunca nunca mais
terei resquícios de você no meu corpo ou no meu pensamento.

Má escolha

Duas pessoas se conhecem
Se encantam
Se respeitam
Se admiram

Com a convivência
Inventam motivos para desencantar
Passam a se desrespeitar
E vai cada um para um lado.

Fica no coração de cada um
a dor
a mesquinhez
de não ter se permitido
ser feliz numa vida compartilhada.

Wednesday, August 19, 2015

nem instrumentos são necessários

o compositor só precisa do silêncio, do vazio de sons, para trabalhar.

maldade no mundo

Difícil entender a maldade no mundo.

Sou incapaz de responder à certas perguntas que minha filha faz.

A vida é assim incompreensível.

Não tem lugar aqui pra isto.
A não ser que seja para redimensionar minhas dores.

Friday, August 14, 2015

acordei e

botei o protetor solar na escova de dentes

Thursday, August 13, 2015

Botar peito ou Esperar

Trabalhando pra sair da Zona de Conforto
fui tirando o cinza, a meia calça escura,
fui botando batom, lápis no olho,
brinco

colar
arrumando as caixinhas
secando o cabelo

e pra afastar a melancolia e a dúvida
cores vibrantes
resignação com o desejo da mãe

e voltei ao salto
e aceitei a feminilidade sem achar vulgar
e fui perdendo a vergonha de ser mulher

e fui querendo coisas que todas querem
fui querendo ficar loira
fui querendo botar peito
Tô virando a Barbie?

Mas eu não quero namorar o Rambo
E não quero namorar o Ken
E nem outra Barbie

Eu quero o Antonio Banderas

Eu queria não precisar de nada disto
Eu queria meditar e não ter rugas

Eu queria surfar e admirar meu corpo
Eu queria dar de mamar de novo
Eu queria engravidar de novo

Eu queria amar e ser amada pelo que sou
Eu queria me amar pelo que sou
Eu queria ser eu mesma

Eu sou
E posso fazer o que eu quiser com o meu corpo.
E aceitar a beleza que o tempo trás consigo.
Eu consigo,tempo.
Te aceito, tempo.

Monday, August 10, 2015

Maçã Envenenada disfarçada de "amor verdadeiro"

Eu de bicicleta na faculdade
Preocupação da galera era:
onde vamos comer hoje
ou
a pizza deste lugar não é tão boa
ou
todos lugares são do mesmo dono.

Você, meu amigo.
Retorno no tempo.
Nós todos na faculdade.
Nós todos jovens.

Você se despojou de objetos
roupas
valores
se distanciou
criou seu próprio duplo para criar
e está se superando como artista

Eu olho de longe ainda daqui
Não que eu não tenha me distanciado daquilo que éramos
ou me despojado dos valores
Aos poucos vou também fazendo o mesmo processo
Londres, Los Angeles, India... são aqui.
Eu tenho uma filha,
"tenho, enquanto for minha "
como disse Polônio à Hamlet.

E dela não posso me "despojar"
Jamais.
Então aterrada estou.
Mas viajando cada vez mais.

Sinto muita saudade de você.
Você virou um símbolo
um arquétipo onírico...
...olha só que engraçado...
você só aparece no meu subconsciente
ou como mito...

Não repetiremos aquele forró
Mas seu desprezo é estranho
Sua articulação direta
beira o desrespeito e a arrogância
E é exatamente destes pudores que desejo me desprender
para poder também dizer
tudo que penso
no fluxo do momento
com clareza e rapidez.

Sou sua fã.
Não mais.
Você pra mim é um espírito,
um ídolo,
nunca nos conhecemos,
nunca fomos jovens,
nunca dormi na sua cama,
nunca te esperei pra almoçar e levei bolo
nunca errei na pergunta do café preferido
nunca vi você sentado na minha poltrona desenhando
nunca tive uma poesia sua escrita no meu computador
nunca te levei até o elevador e te perguntei o porquê
nunca soube o dia do aniversário da sua mãe.
nunca te vi andando pro mar.
nunca conversamos.
nunca fomos à uma festa na Lapa.
nunca fomos ao Empório.

Na Terra do Nunca
onde eu estive esta noite
e você também estava,
através de mim,
Lá,
estávamos sim
juntos
e
felizes,
principalmente por sermos amigos.
Quanta falta eu sinto de vocês.

Lembrei que escrevia pro Bruno
Que propunha um mestrado pra ele.

Lembrei da voz do Chico.

Do canteiro onde vocês ficavam ao pé da escada.

Deve ter sido o livro do Michel Laub, "Maçã Envenenada",
ele escreve sobre uma ex-namorada
sobre os tempos que serviu o exército
sobre Londres
e sobre o Nirvana e a data que o Kurt Cobain se matou.

Maçã Envenenada.
Acho que comi algumas já na vida.

Agora talvez consiga resistir
e não aceitar.

Mesmo que venha acompanhada de um anel.
Ou disfarçada de " amor verdadeiro ".

Merda.

Sunday, August 09, 2015

Uppers and Downers
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Wednesday, August 05, 2015

ser capaz

Quando você for adulta
você vai entender que a gente às vezes precisa dar um tempo...

Com quem você estava falando mesmo nesta hora?

Porque eu com 39,
e ela com 5
estávamos desconfiando um pouco da frase.

Pra sua natureza talvez seja necessário
viver e sumir
amar e fugir
reaparecer e deixar ser
como é...

Mas para nós duas a dor
talvez seja desnecessária.

Casais separam e voltam,
às vezes melhor.
Movimento de recomeço
é lindo.
Tentar de novo,
corajoso.

Talvez você diga
que a dor é necessária,
para crescermos,
para aprendermos.

Eu vivo todos meus dias
como se fossem o último.
Muita ansiedade isto gera,
mas eu achava que valorizava
o fato de estar viva.

Aí eu afirmo e
prefiro não perder tempo
e aceito assim o que a vida me dá,
a cada dia,
e continuo afirmando.

Hipocrisia?
Teimosia?
Resistência?
Apego?
Sonho de criança?

Não sei.
Acho que não.
Só estou procurando
viver o dia a dia, tranquila,
mesmo diante de tanta barbaridade.

É a primeira vez na vida
que aceito voltar,
reestruturar e
me jogar na folha em branco.

Talvez eu tenha aprendido
certa flexibilidade
e a pequena aprendido
a não confiar tanto...

caramba

fica assim repetindo
na minha cabeça
a perguntinha dela:

"se ama, por que fugiu,né?"

caramba

é maravilhoso o movimento de se render,
mas dá ânsia.

É um processo não cerebral,
que afeta o córtex,
assim como uma música,
que de repente faz dançar

dá ânsia
esta entrega
de novo

e também um desanuvio
depois de tanto desespero

Agora é reafirmação perigosa,
não dúvida
em relação à nós.

Mesmo parecendo que já vivemos
o que tínhamos para viver,
não.

Sim.

Fico mais calma
com a certeza do seu amor.
Volto a gozar aos pouquinhos.
Agora mais forte de mim mesma.

Estou aqui e se eu cair do cavalo de novo
a culpa será minha,
porque estou confiando na sua proposta,
que é mais solta que qualquer coisa que voe.

É uma folha em branco
no meio de uma ventania.

Talvez isto seja amor.
E antes eu não sabia.

Mas eu também tenho uma proposta
e ela também voa solta no céu,
será que você consegue
ser flexível a ponto de subir neste tapete voador comigo?

Talvez isto seja amor,
E antes você não sabia.

E agora não sabemos.