Monday, April 09, 2012

XENÓFANES DE COLÓFON


l — (...) Entre os homens merece um elogio especial aquele que, após ter bebido, puder expressar-se em nobres pensamentos sobre a virtude, tanto quanto lhe permitirem sua memória e seu coração, deixando de lado os combates dos titãs, dos gigantes e dos centauros — fábulas inventadas pelos antigos —, e as querelas dos cidadãos, pois nada dão de útil; nobre é preocupar-se sempre com os deuses.

11 — Homero e Hesíodo atribuíram aos deuses tudo o que para os homens é opróbrio e vergonha: roubo, adultério e fraudes recíprocas.

14 — Mas os mortais imaginam que os deuses são engendrados, têm vestimentas, voz e forma semelhantes a eles.

15 — Tivessem os bois, os cavalos e os leões mãos, e pudessem, com elas, pintar e produzir obras como os homens, os cavalos pintariam figuras de deuses semelhantes a cavalos, e os bois semelhantes a bois, cada (espécie animal) reproduzindo a sua própria forma.

GÓRGIAS DE LEONTINI

Elogio de Helena

“O discurso é um tirano muito poderoso; esse elemento material de pequenez extrema e totalmente invisível leva à plenitude as obras divinas: pois a palavra pode fazer cessar o medo, dissipar a tristeza, excitar a alegria, aumentar a piedade. Como? Eu lhes mostrarei. É pela opinião dos espectadores que será preciso mostrá-lo. Eu considero que toda poesia nada mais é do que um discurso marcado pela métrica; esta é minha definição. Por ela, os espectadores são invadidos pelo arrepio do medo, ou penetrados por essa piedade que arranca lágrimas, ou por aquele arrependimento que desperta a dor, quando são evocadas as desgraças que os outros conhecem em suas empreitadas; o discurso provoca na alma uma afecção que lhe é própria.” (...) “Existe uma analogia entre a potência do discurso no que concerne à alma e a prescrição dos remédios no que concerne à natureza dos corpos.”

Plutarco, frag. XXIII:

“A tragédia florescia e era celebrada: era uma recitação e um espetáculo admirável para as pessoas daquela época que, como dizia Górgias, dava aos mitos e aos acontecimentos o poder de enganar, e onde aquele que conseguia iludir era mais justo do que aquele não conseguia, e aquele que aceitava a ilusão mais sábio do que aquele que não a aceitava.”

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