Um vazio que gira,
um buraco lá em cima
de calor que não traz passado do futuro
na onda eletromagnética
não força a barra, não tem clima
esquece casa, tudo
Tem gente querendo colo ali na esquina.
Ser feliz tem ética?
Quando a menina
às claras perde a fé no "eu juro"
sem ver estrelas no escuro, galáctica
sejamos sós, nadando
homens achando que o que vale é o pau deles, duro
mulheres pensando que o propósito é a labuta delas, perjúrio
Poemas de Nina Dadi ou Dani Dani ou Dani Fortes ou DCF ou Daniela Corrêa Fortes
Tuesday, June 19, 2018
Saturday, June 16, 2018
separação
BEL - Projeto que não deu certo.
Ainda existe um lugar onde se queira dormir, abraçar
alguém?
Afeta nossa capacidade de amar.
e dizemos amém.
Afeta nossa necessidade de amar.
e não dizemos mais
amém.
BERNARDO - Os travesseiros trincheiras
nos defendem do descanso
Quem quer algo além?
A poeira fede lá fora
e a gente aqui com medo?
Não cabe.
BEL - Cabe.
Almas dominadas pela higienização das relações!
Te falta tempo? Pra mim sobra!
Sobra tempo
Time is no money e ainda quero mais!
Não estou desempregada , escolho afeto, desarraigada.
BERNARDO - Na casa da minha mãe tenho afeto.
BEL - Que sorte, achei que era só teto.
BERNARDO - Se cuida!
BEL - Odeio isto, me atinge, me rói, me deixa muda.
BERNARDO - É sincero.
BEL - Mas não o que espero.
BERNARDO - Não sou eu quem vai salvar sua primeira infância perdida.
BEL - Desespero-me com sua ida. Cessar sonhar.
BERNARDO - Desta preocupação consegui me livrar. Seu peso. Quanto penar.
BEL - Egoísta.
BERNARDO - Privilégio ser.
Não procuro nos outros solução
tenho poder.
Você manipula
mas não a mim.
BEL - Passar bem. Seu nome é repressão.
Vai lá, circula, faz pirlimpimpim.
BERNARDO - Seu nome é agressão.
Fora de mim!
BEL - Você me nega a mão,
e sou eu a agressão?
Você se fecha
e sou eu sua apreensão?
Os olhos sensíveis
enxergam mera ambição.
Pode sair daqui enfim
desta peça
da minha vida.
de mim.
BERNARDO - Volto.
BEL - Alguns se transformam, outros passam atávicos.
Agradeço por me acordar do sonho alienado.
Considerava possível filhos de amor,
mas isto pra você é dor.
BERNARDO - puro torpor
BEL - Não morrerei às traças.
Não serei comida pelos corvos
num mini apartamento em Paris.
O despertador não vai tocar às 4 da manhã por 1 semana
A vizinha cansada não irá desconfiar do meu sono infinito
vindo do respiradouro do prédio em Copacabana.
BERNARDO - Não morro nunca. Sou ficção.
BEL - Desta água não mais beberei, irmão.
perda de uma parte
Perder uma parte do corpo
é sério
desenvolver vida.
E você?
Partilhará
desta ida?
desenvolvida em mim
como húmus?
Como mulher mistério
ou me manterá
em pensamento estéril?
éramos nus
e agora partida
membro enfim
torto
roto
sim
mais forte do que era
ó vida!
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