Embaixo da terra, no fundo do mar, nos encontramos novamente, você pegou minha mão e eu a sua e lá, sob as moléculas de H20, nossas caras saudáveis e inchadas, nossos cabelos flutuando, sem gravidade, lá, tirei o anel que estava em meu dedo e botei no seu...depois nossas mãos se apertaram e nos olhamos cheios de cumplicidade.
Você é um ser tubarão e eu,sereia aprisionada pra sempre em minha calda coração...
Subimos à tona e você se foi.
Eu virei mulher. Esperei em pé a próxima onda grande, que devastava tudo de concreto que existia à minha volta, mas, quando se espera, no lugar exato, nem sempre ela vem... saí andando, na cia de uma amiga...que pena... antes mesmo eu avistei o perigo, corri na frente, egoisticamente, não consegui avisar mais ninguém, furei, me salvei, mas, quando voltei pra ver o que aconteceu com quem ficou pra trás, pra ver o quanto as cambalhotas mortais tinham atingido meus amores... não encontrei mais nada, foram, passear, foram simplesmente pra outro lugar, saíram de lá... no lugar encontrei o presente, o presente que não me reconhecia mais e me veio de novo uma dor enorme,um sentimento que me devastou sempre de não saber qual meu lugar, nem quem são as pessoas que me importam e se importam comigo...O mundo assim é só e a vida uma total melancolia. Conquistei cedo pessoas que me exigiram mais do que sou e assim nunca pude me satisfazer com a simplicidade de ser, como natural gostar-se,sempre me quis além de mim, talvez por isto meus olhos sejam tão fundos.
um cérebro assim só mingua, sonha muito, mas não faz do sonho uma possibilidade. Sonho é sonho. Realidade é realidade. A minha pouco mudou e em volta de mim a hipocrisia reina. Até o mar era bom antes de você. A vida não tinha arte, só natureza e amor. E agora,desde este agora que se fez pós-você, pós decepção com os valores que me passaram,só a arte me permite viver o que o sonho me mostra... mas, fazer arte hoje em dia é tão complicado... tudo é tão técnico, tão necessário de concretude, tudo tão separado, egóico, distante da vida, que...até arte está difícil de se fazer. Talvez voltando à natureza eu encontre uma nova maneira de se viver, de se amar... talvez unindo vida, natureza e arte eu consiga não pensar tanto na morte. Quantas vezes morri depois de você...
Poemas de Nina Dadi ou Dani Dani ou Dani Fortes ou DCF ou Daniela Corrêa Fortes
Friday, May 08, 2009
Friday, May 01, 2009
A morte
Era uma tarde ventosa de abril...A luz lá fora brilhava em tons semi-reluzentes e o mar batia em bravas ondas,ela acordou de um sonho em que sua amiga atriz lhe perguntava se tinha feito papel de ridícula naquela situação e seu amigo fotógrafo reparava que ela estava de pijama de flanela verde-água, tinha um mistério e um certo humor no sonho...aquelas pessoas...o que elas falavam... a dor de novo... aquela dor no lado inferior esquerdo da barriga,aquela dor de novo... estava ela doente?O médico avaliando sua situação naquele momento diria que estava tudo bem, que as coisas estavam melhorando... que seu intestino já tinha passado do trauma e que agora se recuperava...levantou-se da cama, depois de se espreguiçar tal qual os gatos, fez o mesmo número de respirações que correspondiam à sua idade, trinta e seis respirações naquele sábado pra sair da cama...hoje eu vou à praia, vou nadar no mar verde de Capri, mas, ali não era Capri e o vento não estava tão convidativo,foi ao banho,então...enquanto a água do choveiro escorria pelos seus cabelos e corpo, ela olhava para o chão...comprara um novo produto anti-freaze na loja em que os travestis, putas, cabelereiros e maquiadores...costumam investir, tinha que usá-lo, mas, o hábito a levara ao velho Elseve, da L'oreal, resolveu experimentar o produto de qualquer maneira, lavar o cabelo duas vezes aproveitar e massagear um pouco as idéias...os músculos retidos, os neurônios tristes, fatigados, lúgubres dentro do cérebro... fechou os olhos e deixou a água bater na nuca, jogou a cabeça pra trás e sentiu os pingos em suas pálpebras, com a ponta dos dedos abriu novamente os olhos e viu sob os seus pés os chumaços de seu próprio cabelo...seus pés e seu cabelo caído, fazendo redemoinhos espalhados em volta dela, seu cabelo caindo.... sua cabeça tão pequena, seu cabelo, seu pé... fechou os olhos e caiu pra trás num desmaio.Era insuportável a idéia de se estar viva morrendo aos poucos.
Subscribe to:
Posts (Atom)