Monday, August 15, 2016

sobrevivendo ao amor

Se você me matou eu não morri
tampouco você morreu em mim.

Sua existência 
A opção que fiz de entregar tudo a este amor de alma, 
perfurou meu corpo 
e o corpo da minha filha, 
constituindo o que somos hoje 
e o que seremos daqui pra frente.

De aprendizado, 
somente resignação
às agruras do destino
à impossibilidade do esquecimento
à consciência de que jamais encontrarei Deus novamente.

Busco salvação na ficção mas,
até mesmo nela, Hamlet morre
até mesmo nela, Anna Karenina se mata
até mesmo nela, Raskólnikov mata uma velha senhora,Gregor Samsa se transforma em inseto
e viciado nela Don Quixote perde o juízo.

Uma persona non grata entrou em meu corpo.
Não há possibilidade de festa.

É a falência do olhar 
surpreendido vez por outra pelo desabrochar de uma flor ou a visita de um pássaro.

Minh'alma perfidamente auto-agredida busca o passado para se libertar do inconformismo diário, da angústia noturna, da dor no esterno.

Sou presença desnecessária no mundo, 
mas meu sonho não, 
passa o tempo aguardando a peripécia que virará a história.

Aqui habita um espírito inábil 
que por ter gerado um ser 
sobrevive ao amor
e reaprende o viver

Ponto

ou

this is not


The End

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