Wednesday, August 21, 2024

Labirintos

 




Friday, March 04, 2022

pseudo-amor revelado

 Quebrou o

já quebrado.
Não encarou,
viu.
Ao pé do ouvido falou,
tremeu.
Por aqui fiquei,
desistiu.
No espelho dos peitos
carinho e vergonha,
aqui é oco, de membrana
delicada.
Nunca me apresentou na chegada.
Talvez pela falta de tato.
Vou seguir com
este amor que por não ser o que você
sonhou,
na real nunca nem existiu.
Mariana Fortes, Leticia Isnard e outras 16 pessoas

amor de carnaval

 

O seu olhar me sugava 

E brilhava em mim

O que esqueci de apagar


Até parece que estou a delirar

não aconteceu 

Mas esteve aqui e estive lá 


Gostei nem sei

Amarrou  os sapatos voltou beijou

disse: “ adorei … “


Na extravagância deste amor de carnaval

Fizemos papel de psicanalistas e palhaços

Diabos anjos paz na Terra e coisa e tal 


Na relutância, mais um beijo, disse:  “Adorei, 

mas não posso me entregar”

Representei, mas só queria acreditar

que tem paixão na humanidade amor aqui e lá 


Na matemática do Brasil ou do Japão  

Contando os pontos, não ganhou não 

Mar samba manhã cachoeira cão 

Jantar samba manhã  quero ser sua balangandã 


Era pra ser grande celebração, nem empatou, 

“ adorei, mas não …”

Cantei, mas só queria acreditar 

na paz na Terra Humanidade Amor aqui e lá


O seu olhar me sugava 

E brilhava em mim o que esqueci  de apagar

Até parece que estou a delirar

aconteceu esteve aqui e estive lá 


gostei bem sei

Amarrou  os sapatos, voltou, beijou e disse:

“ amei … “


Enfim então chorei.












Sent from my iPhone

Friday, August 30, 2019

de um sorvete a casquinha
do seu gelo melancolia

mas que alegria
não ter você
me chamando de vadia

meu copinho amigo
meu corpinho tão querido

sobra música poesia
malucas saudades,
amigos e bohemia

memória

lembrar é amar
mas impossível
viver sem esquecer

decidir esquecer também é amar
mas impossível
viver sem lembrar

lembrar sem amar
é viver para esquecer
que amar
é lembrar de viver

xxx

Remembering is loving;
though impossible it is
living without forgetting.

Choose forgetting is also loving;
though impossible it is
living without remembering.

Remembering with no love
is living to forget;
that love is
remembering living.




Passei a usar brincos descasados
pois perdia os pares no meio da noite

















Pensei tanto em peitar
que esqueci a mamografia
escrevi com a mamária
ultra ssssssssssono  grafia








Tuesday, August 13, 2019

Uma Pessoa
Outra Pessoa
Somos Animais
Bossais?

My Man


Tenho consciência do seu feitiço 
e fujo dele. 
Mas você, 
bruxo, 
sabe dominar 
com as palavras ao pé do ouvido, 
sabe o efeito que suscita, 
atraindo-me para o suscenso 
do neologismo rosiano  
( mistura de suspense - incerteza, hesitação, ansiedade - com sucesso - triunfo, bom êxito ). 
Um pé na frente outro atrás, 
ou esta terceira margem do Rio. 

Não venho aqui por desejo só, 
venho inebriada na ilusão do conceito, 
na visão de um beijo que você não me dá, 
fazendo-me desprezar toda e qualquer 
sensação oferecida, 
por preferir este sentimento de alma apaixonada, 
fazendo-me gozar do segredo 

de ser sua. 

E me vejo chorando como mulher. 
Cadê o sol?

Monday, July 22, 2019

numa madrugada
de sinos que anunciam mortos
no pesadelo da criança

ela vem pra cama da mãe

numa estrada onde
nos sonhos a mãe dá carona a outros mortos

e então não dorme mais

uma decisão é tomada
o sol anuncia chegada
no peito uma facada

dor

pra onde ir a não ser longe daqui?

Thursday, July 04, 2019

Somos errantes

poetas contemporâneos

que trabalham o neocortex

para evitar mimimi nhamnhamnham te quero pra sempre de amor

brasileiro tá mais efêmero que nunca


Tuesday, July 02, 2019

Eu, estrangeira de mim

Quem somos nós, brasileiros?
Ou melhor: Quem sou eu?
Somos estupefatos e reprimidos.
Índios ( dizimados e pouco conhecidos por nós mesmos ) nativos de um país com uma flora e uma fauna exuberantes; africanos  ( marcados por uma sociedade escravocrata ) - dotados musicalmente de uma forma milagrosa de encarar a vida, compreendendo o sagrado também em bater os pés acordando os espíritos ancestrais; europeus - nos hábitos, nas técnicas, nas origens de um país colonizado; americanos - nas projeções; sincréticos, miscigenados nos mitos e ritos... Nos conhecemos?
E eu? Sou aquela que cresceu 4 meses por ano semi-nua, sem sapatos, brincando de taco na terra batida, coberta do sal da lagoa escaldante, capaz de pescar uma tainha com as mãos, sambando no pé, muito mais que a loira de maria chiquinha, tênis nike e blusa do mickey, comendo coxinha de galinha na tijuca.
Certa vez fui a uma mãe de santo : "você vê” - ela me falou. Recorto o mundo em cenas e sugiro narrativas na poesia do ordinário. Quem vive conta. Quem vê pinta. A realidade se transforma no meu trabalho. Confio no que vejo, mesmo que seja ilusão ou drama. O que destacar? O que não é comum neste excesso? Qual mistério a ser desvendado? 
O que importa realmente aqui é ser feliz na urgência. A alegria surge do desespero em transformar o descaso social em algo vital.
É um dia a dia pesado, violento e também belo e frágil, nesta natureza abundante.

Thursday, June 13, 2019

desilusão

Às voluntárias bandeirolas senhoras de junho
esforçadas em andar 1 quarteirão
passo
nem pensam que os voluntários eram escravos forçados a lutar
pela pátria em troca de alforria.
Uma luz faz olhar pra cima
e ver que a árvore não continua mais.

a mão dele no rosto dela
o rosto dele na mão dela
a mão dela na mão dele
a mão dele na mão dela
ele com ela com ele com ela com ele com ela com ele com ela

eu, o culote e o computador
aprendemos que o amor
apesar de pés enroscados no de alguém que ainda acredita
não é a dois

este amor aí é pacto
de interesse
o outro faz o universo girar

bons os ingênuos tempos em que se buscava um coração para bater junto

hoje é só céu, vida e morte e ar
nem mais vaidade

e lá vai a idade.

Friday, May 31, 2019

vestígio de mim

Como quem procura pistas
pegadas
nas células
nos poros
dos dedos
nas retinas
dos olhos
nos neurônios
que faíscam
algo que explique
esta trajetória

Passam impressões,
biometricamente desfazendo nós,
entre órgão de músculo involuntário irracional,
outro que diz se estou passando mal
a boca
e o canal que sustenta todo sedimento de memória

aguardo o sinal

incenso telepatia minuto a minuto e desperdiço
a intelectualidade adquirida
ex cola da vida
não me disse a resposta
e ainda me deixou soltar as rédeas

lupa
chapéu de Sherlock Holmes
e nada é mais elementar

outro dia

sigo a busca
imagens, escritos, um recado talvez
que me faça finalmente compreender o porquê
de ser vivo de vez


Tuesday, May 28, 2019

tudo

Era uma vez uma mulher ambiciosa
que se tornou mãe

esquizofrenesi


Me deixou num total esquizo frenesi.
Um frenesi esquisito

ou

(mais bela)
freneticamente exquisite

uma parte ainda eu
outra parte eterno sonho meu

uma parte eu
outra parte se fudeu



Friday, March 15, 2019

Vermelho

As caras dos idosos militares
seus corpos e andares exibicionistas
ss senhoras e seus shortinhos
e os sorrisos nos rostos...

O que é necessário para satisfazer uma vida?

Dominar as massas com uma moral rígida?
Tônicos músculos involuntários?
Viver à mercê de uma tevê que compartilha receitas e trivialidades?

Tô de vermelho.
Aqui os vermelhos estão nas flores, não nas pessoas.
Seja sexy, vulgar, amoroso,
Devassa ou Coca-Cola,
Flamengo ou America,
não vejo ninguém de vermelho nesta multidão ariana.

São namorados no estilo anos 50 em pleno 2018.
De vermelho só eu.
Woman in Red.
Saia, mas não esvoaçante.
Penso sim em sair e nunca mais entrar.

Até onde vai uma ideologia política?
Até onde vai o culto ao corpo?

Problemas de coluna só cessam quando se cuida da mente e do espírito.

O gosto por livros da minha filha me apazigua.
A vontade de viver dela, o jeito que ela me olha, isto me satisfaz.

Onde coloco o amor Ágape, co-sanguíneo, por aquela tia e sua odiosa família?
Na casa deles tinha um casco de tartaruga gigante.
O meu tio era marinheiro? Ele matou a tartaruga?Acho que ele tinha uma arma...

Neste bonde chamado Desejo, os estivadores são os machos-alfa.
Você e o personagem que você sonhava que eu fosse
ou o que melhor se encaixava naquela fotografia.
O homem alto moreno, a mulher loira baixinha, e atrás o mar.
Ouro de mina.
Que força descomunal se livrar deste fardo sem perversão.

Acusações de psicopatia de um psicoholic psicoadicto
"Você confunde gozo com afeto" - ele disse -
aquele psicoanalítico, psicomacho, psicovirtual, psicomachine
" Você é poeta " -
me esporrou poesia drummoniana
me ofereceu um baixo eletrônico
...
e me cobrou aluguel.

Um homem diz que ser de esquerda é ser solidário.
Se a mulher tem dinheiro e pai de direita,
mesmo que esteja solitária na luta,
não precisa de um abraço.
Abraço, carinho, jantar e conversa de mulher rica com pai de direita,
para o machoesquerdopata,
é assédio.
Porque independente do nível de compaixão e humanidade que se tenha,
para um machista,
mulher quando conversa com homem, quer transar,
porque mulher,
para o machista,
não pensa.

Aí percebemos o quanto importa um feminismo,
um afetuoso carinho feminino gerador de pensamentos,
um afetuoso caminho feminino propulsor de momentos.

a lógica do mundo tá tão torta,
que afeto é crime
e dinheiro é ordem.

e sempre foi assim.
e assim nem sempre será.


Tuesday, September 04, 2018

quando cai a ficha da discreta manipulação afetiva

E então a liberdade de pensar o que quer que venha à mente
(como se deve ser ao nascer)
e expressar sem medo.

Um homem bonito
e o sonho da menina formada em moldes encantados,
de alienação de auto-estima,
que se alimenta apenas se dá a mão ( o braço, o pé...)
a um homem
bonito

Um mulher cuja beleza serviria apenas para seduzir e passar a servir
um homem
bonito
assim se educou um inconsciente
feminino.
assim se reprimiu uma potência
bonita.

A mulher pensa, fala,
trabalha e ganha por isto,
A mulher é e ele indaga:
Você sabe fazer bolo? Cadê meu almoço? Por que a louça está suja? Com quem, onde você estava?
Ele afirma: minha mãe é perfeita, como quem diz, se você for como ela e eu quiser casar, você aceita?

E então, a liberdade de ser, sem precisar se agredir
Ver beleza no próprio pensar, escrever, falar, sentir.
Dar a mão à criança,
abraçar a menina,
e fazê-la acreditar que a beleza é intrinsecamente dela,
A beleza daquela mulher nasceu e cresceu com ela.

Os outros olham
e ela quer mostrar.
Os outros olham
e ele quer aparecer.
Forjam tanta felicidade,
que acabam por acreditar
naquele viver.

E então, ela indaga:
O que é ser bonito?
O que é ser ?
Onde se escolhe ver beleza? E o que é amar ?

E então, ela capta a imagem:
Um homem bonito que só sabe ser só menino só.
Um homem bonito que só encara só menina só.
Um homem feio que só namora menina bonita, frágil, que sonha.
E, se a fragilidade dela aparece,
ou a mulher se desvela,
pronto, comprovada a teoria:
ela não é a boneca de chumbo ou sua mãe e não será ele o escolhido de suposta compaixão.
Ele é desleal consigo, não sabe amar quem o ama, desconfia dela, se entrega à vaidade como meta.
Foge.
A testa.
Volta.
A culpa.
Vai.
Ele diz:
ela é maluca.

Ela intui:
Amor que deixa morrer.
Amor que se deixa morrer.
Amor que não considera, que é vivido porque leva a algum lugar.
Amor com finalidade.
Amor que posa e suga, que dorme sem abraço, beija e transa na ilusão...
Amor que desconhece o amor
não é amor.

Amor que menospreza o amor,
que joga fora,
despeja quando não mais deseja,
tratando ser vivo como inanimado...
não é amor.

E então, ela lembra, finalmente, o que é a liberdade de amar

a liberdade de ser, sentir, pensar,

sem que amar e existir ( por si só )

seja um crime,
um penar.







Tuesday, June 19, 2018

profundo e puro

Um vazio que gira,
um buraco lá em cima
de calor que não traz passado do futuro
na onda eletromagnética

não força a barra, não tem clima
esquece casa, tudo
Tem gente querendo colo ali na esquina.
Ser feliz tem ética?

Quando a menina
às claras perde a fé no "eu juro"
sem ver estrelas no escuro, galáctica

sejamos sós, nadando
homens achando que o que vale é o pau deles, duro
mulheres pensando que o propósito é a labuta delas, perjúrio




Saturday, June 16, 2018

separação


BEL - Projeto que não deu certo. 
Ainda existe um lugar onde se queira dormir, abraçar 
alguém? 
Afeta nossa capacidade de amar.
e dizemos amém.
Afeta nossa necessidade de amar.
e não dizemos mais
amém.
BERNARDO - Os travesseiros trincheiras 
nos defendem do descanso
Quem quer algo além? 
A poeira fede lá fora 
e a gente aqui com medo? 
Não cabe.
BEL - Cabe. 
Almas dominadas pela higienização das relações! 
Te falta tempo? Pra mim sobra! 
Sobra tempo 
Time is no money e ainda quero mais! 
Não estou desempregada , escolho afeto, desarraigada.
BERNARDO - Na casa da minha mãe tenho afeto.
BEL - Que sorte, achei que era só teto.
BERNARDO - Se cuida!
BEL - Odeio isto, me atinge, me rói, me deixa muda.
BERNARDO - É sincero.
BEL - Mas não o que espero.
BERNARDO - Não sou eu quem vai salvar sua primeira infância perdida.
BEL - Desespero-me com sua ida. Cessar sonhar.
BERNARDO - Desta preocupação consegui me livrar. Seu peso. Quanto penar.
BEL -  Egoísta. 
BERNARDO - Privilégio ser. 
Não procuro nos outros solução 
tenho poder.
Você manipula
mas não a mim.
BEL - Passar bem. Seu nome é repressão.
Vai lá, circula, faz pirlimpimpim.
BERNARDO - Seu nome é agressão.
Fora de mim!
BEL - Você me nega a mão, 
e sou eu a agressão? 
Você se fecha
e sou eu sua apreensão?
Os olhos sensíveis
enxergam mera ambição.
Pode sair daqui enfim 
desta peça 
da minha vida.
de mim.
BERNARDO - Volto.
BEL -  Alguns se transformam, outros passam atávicos. 
Agradeço por me acordar do sonho alienado. 
Considerava possível filhos de amor, 
mas isto pra você é dor.
BERNARDO - puro torpor
BEL - Não morrerei às traças. 
Não serei comida pelos corvos 
num mini apartamento em Paris. 
O despertador não vai tocar às 4 da manhã por 1 semana 
A vizinha cansada não irá desconfiar do meu sono infinito 
vindo do respiradouro do prédio em Copacabana.
BERNARDO - Não morro nunca. Sou ficção.
BEL - Desta água não mais beberei, irmão.

perda de uma parte


Perder uma parte do corpo
é sério
desenvolver vida.
E você? 
Partilhará 
desta ida?
desenvolvida em mim
como húmus?
Como mulher mistério
ou me manterá 
em pensamento estéril?
éramos nus
e agora partida
membro enfim
torto
roto
sim
mais forte do que era
ó vida!

Thursday, March 29, 2018

Amor al

o tempo da alteridade
Tempo mais lento
Como se a impulsividade ou ansiedade 
regidas pela necessidade capitalista de sair vencedor 
em combates relacionais austeros 
tenham ofuscado uma visão mais ampla

Se eu tivesse tido a paciência 
Se eu me conhecesse melhor
Se eu pudesse me ver com os olhos que me vejo hoje naquele momento de outrora

Mas assim é a vida
Ali então não compreendi o quanto deveria ter sido fiel à minha dor. 
O quanto deveria ter me entregue ao pacato tédio ou ao não saber. 
O quanto deveria ter me recolhido em depressão. 
Mas lutei contra. 
Me mediquei, reagi fugindo.

Você me testava.
Não passei no teste.
Você me reprovou.

Se eu soubesse que era um teste teria agido diferente? 

Esta é a descoberta e agora a união de todas performances que fiz na vida.
Não mais trairei minha dor.
Senti-la-ei.
Foram tantas as vezes que o amor se apresentou.

Sim
Um tempo mais lento
De um comodismo talvez
De uma demora a perceber que existem outras opções, para desaterrar e seguir adiante.

De que me serve esta idéia fixa em você ? 
A desculpa que eu precisava para justificar minha melancolia, minha necessidade de solidão ? 

Por que com você logo com você fui feliz? 
Por que me subjugar é ser feliz? 
Fui feliz?  
Qual caráter revolucionário tem aí para me mover com tanta paixão ? 

Falhei.Falhei em ver amor em continuidade 
Em criar raiz nos pés de um pássaro.
Por me saber infinitamente elástica não tenho medo de fixar-me.

Se um dia em seus vôos passares por aqui de novo 
- talvez eu esteja testando-me para este concurso sem vagas - 
eu, aquela falida candidata, 
estou aqui ainda em treinamento. 

Não queria ter novamente a sensação de viver numa prisão moral.
Se minhas lágrimas pontuais e frequentes há exatos 800 dias tivessem moral, não estaria aqui escrevendo.

Este amor que me atordoa é imoral.
Amoral
Amor all
Mora lá aqui.
Dentro de mim.
Estrangeira sou 
dentro de mim.
Por não ter compreensão.

Meu primeiro namorado morreu antes de...

Tá ai o registro 
encontrado
impresso
entre tantos

Tá aí a revelação 
da primeira alegria
entre prantos

Tá aí o chiste
não comentado
Tá aí o lance de dados
A promessa de que não mais tropeço 
nesta via 
que tramo

Tá aí o sim.
Pra você e pro mundo que abro.
Àqueles que se renderam 
sem nunca terem acordado
prezo
É humano.

Tá aí aquele
retirado
sem regresso
mesmo com o passar dos anos

Tá aí a vida 
fazendo seu bordado  
então peço 
através de outros planos
que escute agora
todas vezes que rezo
Eu te Amo.

Paz, Pablo ( 1975 - 2017 )
Saúde e Amor pra quem você deixa.
Te agradeço imensamente por me ensinar.

Friday, December 01, 2017

Fantasia de Brilho

Se minha fantasia fosse esquecer quem sou;
sair com peito 
vento vestido
nos brilhos da existência
sem nada querer,
a não ser 
Amor
pra tudo.

Se minha rainha evocada 
por Deus
serena
passasse a dor
e revestisse
o torpor 
em paetê
no mundo.

Se o bumbo do tambor 
fizesse meu coração 
bater
centenas de anos
flautas fulanos 
nas gramas de cheiro 
verde chuva.

Se a lama que me afunda 
plataforma 
fosse 
de sal grosso
Rosa
Se o banho de prata
um flutuar de coração
sem rumo
subindo subindo
em oxigênio uníssono
uno.

Um Brasil assim
sertão cidades 
de pureza alegre 
de gentileza entregue
e cafunés sem fim.
E o estupor 
fizesse bramir carne viva
sorrir as vacas
sem medo de mim.
E no ouro
mulheres homens livres intuitivos
dançassem no desejo de não ser
só mente,
os pesadelos arrogantes
apagados de rompante
abrindo
na volta pra mesa
as gravatas
e nos olhos 
pirlimpimpim 
de risos arbórios 
e molhos
às doces democráticas utópicas de todos

bravatas.

Wednesday, November 01, 2017

Samba da Nêga Brasileira pro (Cineasta) Italiano

AÇÃO!

Samba, bela,samba!
Que esta alegria que o gringo te demanda,
que este afeto que traz desejo ao
intelectual analfabeto
te floresça organicamente a cada dia
e que se dissolva toda esta agonia
da memória do tempo
em que esta boca sorria.

Samba, bela, samba
é de pequeno que se morde o menino
e é com veneno que se come o pepino.

Samba, bela, morre

é das tuas cinzas que estas pedras brilharão.

Friday, September 08, 2017

Perdoa

Rio de Janeiro, 7 de setembro de 2017

Me perdoa, 

por estar tentando aprender a confiar e valorizar quem me dá ( ou me deu um dia ) afeto
pelo meu kharma e pelo trabalho que enfrento corajosamente para transformá-lo
por ter experimentado desabrochar, ultrapassando a membrana de vergonha que tenho de mim
por não ter me acostumado a ser olhada e lutar por isto com uma armadura frágil
por só agora realmente assumir os monstros internos e tentar sensibilizá-los com escuta e paciência
por te amar e desejar diariamente ser amada por você
por querer ser sua família, ser parte de você, da sua família, te dar uma família
por fazer minha filha te amar e amar sua família e querer ser amada por você e sua família
por querer te dar tudo que sonho e sonhar que você me desse alguma parte do seu todo
por me amar com parcimônia
por ter sido criada neste ambiente católico machista repressor que coloca o outro à frente de si próprio
por relativizar os defeitos dos meus familiares como opção à solidão total, sem deixar de militar outro modo de agir, falar, pensar e ouvir
por querer preservar o que é nosso, só nosso, meu e seu, meu, seu e da nossa filha
por não ter sabido preservar o que é nosso, só nosso, meu e seu, meu , seu e da nossa filha
por ainda querer preservar o que é nosso, só nosso, meu e seu, meu, seu e da nossa filha
por ter me desesperado completamente à sua primeira partida, considerando o fim dos tempos
por me agredir para te provar o que não preciso provar para ninguém 
por enxergar padrões e às vezes cair neles
pelo medo fatalista ansioso e agressivo que meus ancestrais me transmitiram e que respiro silenciosamente em aversão, dando as mãos ao livre-arbítrio
pelas vezes que me rendi ao sistema capitalista e à minha veia empresarial imobiliária
por me perder e te ter como bússola
por querer cuidar de você e ser cuidada por você
por errar
por ousar ser sua base, seu chão, seu pouso, seu lar, sua casa
por todas ilusões que criei para sobreviver
por querer viver a realidade ao teu lado e querer que você quisesse o mesmo
pelo meu feminismo romântico
por, além da necessidade, gostar muito do trabalho e do estudo e te admirar pelo mesmo
por ter te transformado na minha máquina do tempo que me leva de volta aos prazeres da infância
por querer compartilhar toda beleza em volta de mim e o pouco que aprendi e adquiri nesta vida contigo e desejar o mesmo de você
por manter-me curiosa diante dos tempos, das culturas e dos gostos, mas querer explorar o mundo e continuar a viagem contigo
por misturar tu com você (e eu e nós )
por ter tido vontade de fazer teatro junto com você, considerando o que temos de melhor em cada um de nós
por mal interpretar e desentender alguma palavra, impulso ou plano seu
por ter falhado em compreender qual era o pacto
por precisar tanto do meu espaço e não te fazer perceber isto
por ter acreditado ser possível conquistar, curtir, fazer ficar sempre bonito e gostoso contigo um apartamento em São Paulo outro no Rio (ou só num lugar do universo destes qualquer)
por ter acreditado ser possível conquistar, curtir, fazer ficar sempre bonito e gostoso contigo uma casa no interior ou num litoral destes
por ter acreditado ser possível conquistar, curtir, fazer ficar sempre bonito e gostoso contigo um cachorro ou um cavalo ou uma galinha pra dar ovinhos ou uma tartaruga ou uma vaquinha para dar leite (ou não)
por me virar sem você, ser independente e insistir na nobreza espiritual do amor verdadeiro entre um homem e uma mulher, por insistir em você e eu, por insistir em nós
por ter acreditado ser possível conquistar, curtir, fazer ficar sempre bonito e gostoso contigo um irmão ou uma irmã para a nossa filha (ou não)
por lembrar do teu pedido de casamento, da minha reação, da reação da sua tia internada no sanatório
por ter gargalhado com você com a cena da sua mãe e suas tias comemorando a boa (e imaginada ) notícia de que eu estava grávida de você
por ter me dedicado tanto ao brinde e as dificuldades do seu primeiro grande trabalho
por ter jogado incessantemente com você à espera do primeiro contrato
por ter me anulado inúmeras vezes
por ter contado contigo para fazer da minha filha um ser humano melhor
por ter confiado tanto em você e esperado o mesmo de volta

por não estar conseguindo me libertar desta dor
por colocar a chave desta prisão em tuas mãos

só quero teu perdão, teu sincero perdão,

com a promessa de que estou me cuidando, como você me sugeriu em todos finais de telefonemas

Me perdoa, 
( mas me perdoa só se realmente estiver me perdoando em cada um destes itens, se em algum deles você não tiver me perdoado, me diga - ou não - e saberei )


Te agradeço de antemão 


Wednesday, August 23, 2017

puta transa

O que buscam estas gêmeas
na patologia dos escrotos?

Terá algo a ver com punição?
Roubaram algo do pai?O pênis talvez?

Que loucura a beleza da sua tez
olha só, pára agora, goza logo, 
tem alguém ali fora esperando a vez.

Promessa

Jamais serei de novo senhora 
de um belo homem machista 
talvez com outras categorias 

( progressista, feminista, abolicionista, alienista, anestesista, anti- militarista, arborista, behaviorista, acordeonista, antagonista, protagonista, biografista, bolchevista, ceramista, contorcionista, cronista, deflacionista, economicista, eletricista, etimologista, exibicionista, garagista, evangelista, fossilista, malabarista, linguista, marxista, nudista, paisagista, percussionista, paulista, pacifista, otimista, psicanalista, tenista, utopista, xadrezista )

até mesmo adoráveis istas
pra posar no insta
Jamais me colocarei novamente de fora
de um mundo de trabalho 
de raridade em essência.
Tô fora é do sistema 
Sou Nora,
criada por Ibsen,
nunca gostei de brincar de boneca.
Meu faz de conta é agora
nesta ilusão que invento
pra fazer você crer
que é cavalo antônimo merecedor de penhora.


Transformação, é chegada a hora .
Virei novela da Jane Austen

Na aquarela diária 
x
Quem é você pra acreditar que pode me manipular?
Me impedir de conversar na terra onde sempre fluí…
São tantas histórias, meu bem,
por onde passei, ri, brilhei…
e eu as abri
como um livro que não te deixa dormir.

nesta Inglaterra perdida em série.
Este não, este não, este não…faltam candidatos…
à nossa presidência.
Vamos brincar de ser humilhada?
Você me dá banho de dinheiro
e pergunta se é por isto que estou ao seu lado.
Nuvens milionárias
verdes prados fluorescentes musgos
bonitos castelos
pianos desnudos
uma estufa onde cresceu uma bananeira
e onde habita sozinho
um passarinho
tropical
triste.

Amor, vou depilar à moda brasileira
Bucetas grandes pequenas
e o bigode do Hitler como inspiração.
Como pode alguém nisto sentir tesão?
Tá aí algo que não falta no mundo, 


Preferia estar agora num filme de ação,
cair do segundo andar do saloon
em salto vital
sem impacto algum.
Pápápá
vrum vrum
Você na sua moto
eu loira loirinha

Percebo no lance, você tem raiva inveja de mim:

“vou acabar com ela
pouco a pouco
espizinhar.
Será meu melhor brinquedo
aquele que destruo
porque posso reconstruir
sem pé nem cabeça e com coração em pedaços espalhados pelo intestino
sou moleque
e tenho este passatempo de menino
desmonto 
porque depois

CORTA!
não, não, não
é esta memória aqui.
Barras de chocolate e havaianas eram os presentes de natal. Nada mais.

Uma vez entrei no caixão do morto
para fingir praquela vizinha
que a sanidade dela se esvaía
Boa, eureka!
Não terá mais consciência sã a boneca!

tenho obsessão mesmo é pela cor verde
tá pensando em floresta
como se fosse o que nos resta?
é precária 
hipócrita
esta noção
verdinhas são
a mais alta casta de opinião…
E foda-se a mata!

Você pensa que não sei que você sabe que o que sempre quis era o que tinha?
Que o que queria era te dar esta rasteira e te tombar deste posto de rainha?
Você bem sabe o que é golpe, né, gatinha?
Miau miau
um beijo e tchau.
ciao, bella, buona notte
dorme com os anjos e pede proteção
você vai precisar
se quiser sair da ilha
e nadar nadar nadar
no teu (a) mar


dor latente


Tá doendo em mim este rim.

Trrrinta e trrrês!

Espingardas atirando algodão
É natal, já já carnaval e fantasia
tantas rolhas bebemos
e marquei a testa depois daquele campeonato perdido.
Bebemos whiskie
te ensinei a jogar
e no buraco
esperamos
esperamos
e esperamos
jogando e bebendo

uma criança de 3 anos
aprendendo a pronunciar
trrrrrês
trrrrrinta
trrrrrrinta e trrrrrês
o  médico pediria
“fala 33”
trrrinta e trrrês
E diríamos, já infartando

uma negra linda e gostosa
canta e 
nos faz pastéis

de carne

idílio hipócrita
ipanema
vento e lua
cheiro de sal de mar

um negro lindo 
gentilmente
a nos elogiar
limites de um mundo exposto

sua crueza
sua dureza
você torceu esgarçou até o fim
não sobrou uma gota
no tubo de ensaio
do seu laboratório
na sua tese de mestrado
sobre história do Brasil

“Chicotes nela!Maltrata!”
e me tornei culpada 
por toda esta sociedade escravocrata.

Nasceu branca 
vestiram-na com maria chiquinhas lacinhos e tênis nike…
Abusaram das fotos 
da vontade de ser primeiro mundo.
comiam quindim e sorriam
comiam quindim e sorriam
os olhos da sogra vidrados

“veja bem garotinha,a vida não há de ser fácil assim,
chegou a hora de você sofrer, vou murchar todas flores deste jardim,
Daqui a 3 dias todas borboletas estarão mortas.
É o tempo real,
sem drama barroco.
Seu sangue vai escorrer e nossos lençóis 
fios frios sem filhos
vão estar misteriosamente passados a ferro
como aquele passarinho seco
que do ninho nascido morto sumiu.

ó, pequena vítima da burguesia
especulada na promessa de uma vida melhor
que em vez de apresentar preguiça
trabalhava, corria e insistia 
em explicar que couscous marroquino
não é igual farofa

Engraçado, minha mãe também parou no macarrão com linguiça.